sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Entrevista




Cheshire Cat – o gato que ri


Eu: A primeira pergunta destina-se sobretudo à razão por detrás do seu sorriso. Porque sorri apesar de ser um gato?
CC: Ora, agora que perguntou, questiono eu. O que é um sorriso a seu ver? E um gato? E porque não, uma razão?
Eu: ... Então, questionemos de outra forma. O Chapeleiro Louco afirma que o Gato sorri. Porque o afirmará?
CC: Essa pergunta não se destina a mim. Logo, a minha resposta não se destina a si. Sou Gato, não Chapeleiro.
Eu: Muito bem, o que fazia uma menina de tão tenra idade no País das Maravilhas?
CC: A minha resposta depende da sua pergunta. A que "menina de tão tenra idade" se refere?
Eu: Peço desculpa, referia-me a Alice. Enfim, cabe-me a mim questioná-lo, não ao Gato. A mim.
CC: Ora, ora... Digamos que nunca tendo eu deixado o meu país nem nunca tendo tido uma conversa simpática com Alice, assim como estou a ter consigo, nunca vi oportunidade de lho perguntar. Para ser sincero (coisa que eu não aprecio ser), nunca foi assunto que me livrasse de tédio.
Eu: Que país é esse a que se refere (só para relembrar)?
CC: Todos o sabem. Talvez eu não o saiba. Ou mesmo ninguém tome conhecimento de tal. Logo, porquê questionar os indecisos?
Eu: Bem, digamos que todos nós somos loucos, não indecisos, e que acreditamos que o seu país é conhecido como o local onde as maravilhas acontecem...
CC: Que maravilhas? Maravilha em sermos loucos? Loucura não é fantástica. Fantasia é louca. Tudo existe. Tudo não existe. Nós somos, vivemos, acreditamos, na fantasia da vida. Nós, criadores da fantasia. Nós fantásticos. Nós sem fantasia não existimos. Fantasia connosco não respira.
Eu: Ah, muito bem. Daremos esta entrevista como terminada. Só mais uma breve pergunta, Gato. Qual caminho deverei eu seguir?
CC: Isso depende de para onde quer ir e onde quer chegar.
Eu: Apenas a algum lado sem maravilhas nem Gatos que sorriem. Para onde devo seguir, então?
CC: Oh, boa pergunta. Todos os caminhos vão dar a algum lado. Se eu aqui ficar, não mais sorrisos nem "maravilhas" vai encontrar.
Entrevista a Cheshire Cat, “o gato que ri”, em Palavras, Todos os Dias

Joana Monteiro, n.º14, 10ºC

Nenhum comentário:

Postar um comentário