sábado, 29 de maio de 2010

Final de "Alice no País das Maravilhas" por Chapeleiro e Coelho

Nádia Filipa Simões Eloy

Nº18 10ºC

Numa tarde de Inverno demasiado quente, estavam sentados um Chapeleiro Louco e um Coelho conversando debaixo de uma árvore sobre coisas estranhas.

- Ouve lá Coeeeelho, o que é que goshtavash de contar she pudesshes eshcrever o final da Hishtória do Lewish? Aquele maluco ouviu a hishtória da Aliche e deu o final feliiiz apenash a ela, e nósh, fomosh eshquecidosh e não lembradosh e eshquecidosh! Já disshe não lembradosh?!

- Não sei, querido chapeleiro, mas digo-lhe que estou a pensar seriamente se estarei atrasado ou não para o encontro formal que tenho com a nossa estimada amiga lebre. Se me permite, gostaria de me ausentar. – Responde o coelho.

- NÃO PODE SHER NÃO SHENHOR! Vamosh lá falar a meshma língua, eshtá bem? O combinado era apenash shairmosh daqui quando eshtivesshemos terminado a hishtória para mandar para aquele maluquiiiinho mudar o final. É um maluquiiiinho, mash meshmo. Não podemosh deixaaaar que aquele maluquiiinho nosh inclua shem nosh dar um final importante. Já te disshe que ele é MALUQUIIINHO?!

E o chapeleiro continuou. O Coelho, já cansado de tanto o ouvir durante uma eterna meia hora, acabou por cair no sono e repousou. Sonhou com o dia em que Alice os visitou e sorria, sorria enquanto dormia.

Nesse sonho, a menina levou o para o seu mundo, apenas para lhe dar a conhecer a sua família e a sua casa, ela queria o lá para lhe trazer todas as manhãs o correio e o jornal. O coelho ficou muito contente. Apesar de ser um coelho real, não se importava de o fazer por Alice, pois o amor que ele tinha por ela era imenso. A sua amizade era bela, sonhava poder trazer tudo o que a menina quisesse de manhã e brincar com ela o resto da tarde. Certamente à noite, ela dar-lhe ia um chá como se servia no País das Maravilhas e aconchegava-o numa cama grande e felpuda para que ele pudesse descansar.

Numa manhã agitada, já de volta à escola, Alice teve de deixar o coelho a dormir sem se despedir dele. Quando o coelho acordou e deu com a casa vazia, apenas com a Dinah por perto, sentiu-se assustado, muito mas muito assustado. Será que a Alice o tinha deixado?

Era Inverno, a casa estava cada vez mais escura, nenhum sinal da menina por perto. Era a hora de brincar e nenhum sinal de Alice, nenhum.

Era a hora do banho e nenhum sinal de Alice, nenhum.

Entra a mãe de Alice e diz que o jantar será Coelho Salteado e o pobre coelho assustado começa a pensar em todas a bolachinhas que a Alice lhe pedia que comesse, em todas as tartes de cenoura com mel que a sua mãe fazia especialmente para si e, dá conta de que tudo foi um plano para o poder COZINHAR!

Nisto, assustado, o Coelho acorda. Dá de caras com o louco do Chapeleiro a olhá-lo bem de perto.

- Então, Coelho? Quem olha para ti pensha que shó por acaso eshtavash a dormir e acordashte com um pesadelo. Ah ah ah!

O Coelho nem se pronunciou. Estava demasiado abalado para isso. Mas pensou:

«Se contar a este louco o meu sonho até à parte de que gostei, pode ser que me faça o obséquio de escrever a carta ao Lewis e me deixe ir embora.»

- Ora, Chapeleiro, quer que lhe diga um bom final para a minha personagem lá no livro do Sr. Lewis? Então cá vai.

E contou a história deixando o Chapeleiro boquiaberto.

- … ou seja, fui morar com a Alice como seu servente, e fomos felizes para sempre. Que tal? Está óptimo não está? Que posso eu dizer? Mentes brilhantes, mentes brilhantes. Ora, agora se me permite, tenho um compromisso para o qual estou imensamente atrasado. Se a rainha descobrir mais este atraso, CORTA ME A CABEÇA. Cumprimentos, cavalheiro.

O Chapeleiro não o impediu.

- Com que então o coelho queria ficar com a Aliche shó para ele, heiiiin? É tão maluquiiinho e maluquiiinho como o Lewish! – Disse para ele.

Retirou-se para um local mais indicado e começou a escrever:


De: Chapeleiro LOOOOUCO

Para: Eshtimado Shenhor Lewish Carroll

Paísh dash Maravilhash, não shei o dia nem o mêsh de 2010

Querido Lewish Carroll, é muito chateado que venho falar conshigo poish não goshtei do final que deu ao livro da hishtória que a Aliche lhe contou.

Venho por eshte meio pedir-lhe que mude o meu e o final do Coelho, poish é uma falta de reshpeito, de dechência e de reshpeito. E de dechência também.

O coelho goshtava de ir morar com a Aliche e de lhe ir bushcar o correio, o jornal e o correio todash ash manhãsh e sher feliz pra shempre.

Eu goshtava apenash que a malucaaaaa da Rainha de Copash fosshe eshtraviada para o pólo norte e de ficar nash minhash festash loucash com a lebre a beber o chá dash cinco todo o dia.

Shei que sherá posshivel, porque o shenhor é tão maluuuuuuco como eu. Ah ah ah!

Veja she faz maish uma hishtória nossha e dá um final maish feliz àsh pershonagensh.

Muitosh abrachinhosh com chá do

Chapeleiro LOUUUUUUUUCO


E assim terminou a tarde de Inverno com o Chapeleiro Louco e o Coelho.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Por mim, o fim era assim

... Coelho ...

Alice desiste

Saturada de tanta incoerência e maluqueira, Alice foge. Corre sem destino, tentando encontrar o caminho que a levasse de volta à Realidade…
No meio da paisagem surge-lhe uma luz, vinda de cima. Era o buraco por onde tinha entrado, mas o buraco estava alto, muito alto. Só tinha uma solução: recorrer às poções mágicas à sua disposição.
Não foi preciso muita procura para encontrar uma garrafa com um líquido que a faria aumentar. Mas desta vez Alice não tinha quem a guiasse e as suas experiências anteriores não tinham sido suficientes para Alice aprender a lidar com os poderes que tinha à sua disposição. Na sua ânsia de fugir, na sua sofreguidão e desejo de liberdade, Alice bebe imensa poção, alcançando um tamanho perigoso: suficientemente grande para alcançar a Realidade mas o não o suficiente para o passar na totalidade!

Sem ninguém que a ajude, Alice acaba por desfalecer, presa no buraco. Aos poucos e poucos, sozinha, Alice desiste de lutar. Tudo fica longe e escuro, muito escuro…
A partir desse dia, nunca mais a vi, as saudades apertavam e nada podia ajudar a esquecer toda aquela aventura. Agora eu tornei-me muito mais lento, com tanta pressa não tinha tempo para estar com Alice, minha querida Alice. Pois bem agora decidi mudar.
Mudar e para melhor, quero ter mais calma, poder desfrutar de tudo a que tinha direito.
Obrigado por tudo Alice… É pena ter-me apercebido tão tarde, mas afinal mais vale tarde do que nunca!

... Chapeleiro Louco ...

A grande conquista

No jardim do País das Maravilhas, tinha sido plantada uma roseira de rosas brancas, cor que a Rainha odiava. Para evitar a irritação da Rainha, as cartas pensaram que a solução seria pintar as rosas brancas de vermelho, de modo a esconder a verdade.

Estavam eles nessa pintura, quando a Rainha se aproxima. Ela não podia perceber o que se estava a passar, muito menos saber quem eles eram! Para se confundirem, as cartas deitam-se então no chão, de costas voltadas para cima, mostrando-se assim todas iguais, impossibilitando a sua identificação.

Apesar dos esforços da Rainha, não os consegue identificar. Pede ajuda a Alice, que se recusa a dar-lhe qualquer pista, o que a enfurece a ponto de ordenar a sua decapitação... Mas o Rei, cansado da atitude da Rainha, suspende a ordem da Rainha, chamando a atenção para o facto de Alice ser uma criança.

Havia já algum tempo que, das imensas sentenças de morte ordenadas pela Rainha, poucas pessoas o eram realmente. Em segredo, o Rei perdoava a muitos condenados, sendo por isso reconhecido e acarinhado, ao contrário da Rainha, a quem todos temiam.

Aproximava-se mais um julgamento: o Valete de Copas era acusado de roubar as tortas da Rainha. O Rei era o Juíz e como testemunhas apresentámo-nos, eu, o Chapeleiro Louco, a cozinheira da Duquesa, e a própria Alice, que, entretanto, resultado de umas bolachinhas mágicas, ia aumentando de tamanho… Mas aumenta tão rapidamente que o facto não passa despercebido ao Rei que acaba por ordenar a sua saída, cumprindo o determinado num artigo do seu caderno. Menina de acatar poucas ordens, Alice não concorda com a decisão e recusa-se a sair. Está lançada a confusão e um nova discussão.

Ponto a ponto, aliás, Alice enumera inúmeras incoerências daquele tribunal, o que devidamente analisado o anulava…Contrariada com o atrevimento de Alice, a Rainha ordena uma vez mais: - Cortem-lhe a cabeça! - mas o Rei, com sentido de justiça, reconhece que Alice tem razão. Satura-se definitivamente da posição da Rainha e ordena-lhe que se cale.

A vida no País das Maravilhas tinha que mudar. Os seus habitantes tinham que ser acarinhados, apoiados e defendidos, não aterrorizados!

Ninguém queria acreditar! O impensável estava a acontecer! Finalmente o Rei assumia as suas responsabilidades.

Contentes com a coragem do Rei, todas as cartas e habitantes do País das Maravilhas o aclamaram.

Todos os habitantes acompanharam Alice até ao caminho de saída para a Realidade. O rei, demonstrando a sua gratidão, proclama Alice persona mui grata e convida-a a visitar o país sempre que o deseje, com a certeza, porém, de que será sempre bem vinda.

Há muito que não se vivia um ambiente tão feliz no País das Maravilhas.

Sara Simões

10º C – nº 21


Crítica do filme Alice in Wonderland

Precisamos crescer: quando entramos na escola, no secundário, e mais tarde na faculdade. Vamos aprendendo a ser adultos e, muitas vezes, precisamos repetir alguns ciclos, porque chegamos à conclusão de que os ciclos que vivemos antes não foram suficientes ou serviram apenas aqueles momentos. Crescer faz parte da condição humana e é a essência da história de Alice no País das Maravilhas.

Não é novidade que alguns dos grandes sucessos do cinema são adaptações de sucessos literários. Numa das últimas saídas em grupo do 2º período, tivemos a oportunidade de assistir a um desses casos: o novo filme da Disney, dirigido por Tim Burton, um dos maiores cineastas actuais, baseado no clássico “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll.

O ambiente era de grande expectativa e curiosidade, não só devido aos trailers disponíveis do filme, mas também pelo conhecimento do livro sobre a qual temos vindo a trabalhar ao longo deste ano lectivo.

Tal como no livro, a acção do filme desenrola-se em torno das aventuras da jovem Alice. No filme Alice surge, não como uma criança, mas como uma jovem com 19 anos, que vive em Londres, no final do século XIX, que por ter perdido o pai se vê na contingência de ter que aceitar um casamento acordado pela sua madrasta, o que a leva a entrar em pânico e, consequentemente, a fugir. Tal como tinha acontecido quando era criança. Durante a sua fuga, cai numa toca de um coelho, tendo a oportunidade de rever os seus amigos de infância: o Coelho Branco, Tweedledee e Tweedledum, a Ratazana, a Lagarta, o Gato Cheshire, e, claro, o Chapeleiro Louco. Alice embarca numa viagem para encontrar o seu verdadeiro destino e acabar com o reino de terror da Rainha Vermelha. Durante essa viagem, aprende a conhecer-se a si própria e adquirir auto-confiança para poder voltar à vida real. Alice está pronta a voltar ao seu mundo, quando se vê perante a ameaça de morte: ou mata ela ou é morta. Como quando precisamos de deixar coisas ou relações que nos fazem mal: ou nós as matamos ou são elas que nos matam.

Ao escrever o livro, Lewis Carroll dirigiu-se, acima de tudo, à imaginação do leitor. Tim Burton recorreu à sua própria "imaginação de leitor" e construiu as suas próprias personagens, dando ênfase à dimensão mais perturbante de toda a história: o absurdo e a loucura das personagens, num misto de ternura e loucura. No filme, os monstros têm coração; os loucos, lucidez. A Rainha Vermelha é má, porque sofre de solidão e pelo facto de negar a sua condição física. Os outros personagens nem têm esse tipo de problema – riem de si mesmo e das suas limitações. O cineasta deu-lhes vida, humanizou-os, garantindo-lhes uma força extraordinária, sendo essa, na minha opinião, a grande virtude do filme.

Estas personagens, por sua vez, movem-se num mundo que de maravilhoso pouco ou nada tem. Quase que seria mais apropriado o título do filme ser “Alice no País dos Horrores”… O País das Maravilhas, ou seja, o outro lado do espelho, não passa de um inferno, estranho, distorcido, que não foi feito para agradar. E isso é-nos transmitido em parte pela paisagem, que muitas vezes se mostra sinistra, e pelo céu, que aparece sempre muito cinzento. É um reino onde os “sonhos” são “pesadelos”.

A nível visual, o filme é simplesmente fascinante. A criatividade não tem limites, sendo-nos dadas inúmeras sequências extraordinárias, do ponto de vista estético e visual. O filme beneficia da utilização das tecnologias mais avançadas, imensos efeitos especiais e truques de produção, embora recorra pouco ao sistema 3D, o que pode ser uma desilusão para muitos, embora na minha opinião a racionalização da utilização da técnica seja benéfica não só porque a torna menos cansativa, mas também porque leva o espectador a focalizar-se e dar mais valor ao trabalho das personagens. Aliás, é engraçado reparar que o relevo chega a ser anulado, ou seja é feito "2D" dentro do "3D", quando os corpos dos actores são transformados em silhuetas planas. É divertido e, na minha opinião, inteligente!

Acompanhado por uma música marcante, embora não excepcional, o filme reflecte o mundo real naquilo que podemos classificar como uma mistura magistral entre um conto de fadas e uma história de terror. Transmite-nos uma mensagem quanto à “muiticidade” (muchness no original) que todos nós temos em crianças e que vamos perdendo à medida que vamos crescendo.

Quando volta a este mundo, Alice já não é a mesma jovem que fugiu: é outra que se ausentou pelo tempo necessário para ganhar maturidade e ser capaz de tomar uma decisão importante. É uma Alice que ouviu o que aqueles seres tinham a dizer e enfrentou os seus fantasmas: exactamente os mesmos que encontra no mundo real. Afinal o País das Maravilhas é habitado por seres que correspondem às pessoas da sua vida normal. Afinal o País das Maravilhas não é senão o seu próprio mundo interior. Conhece-se, é reconhecida e pode dar-se a conhecer: está pacificada. Por isso, volta confiante e pronta a enfrentar as consequências da sua decisão. No seu mundo interior, conseguira matar o monstro da Rainha Vermelha; no mundo exterior, a futura sogra perdeu a força com que subjugava Alice; e o pretendente, a sua noiva. A paz voltou ao País das Maravilhas. Alice tornou-se uma mulherzinha.

A mensagem adapta-se a todos nós. Perdemo-nos, muitas vezes sem perceber que o fazemos. Alguns, um dia por acaso, encontram-se. Recuperam essa ausência de temeridade infantil e a sua “muiticidade”: aprendem a enfrentar os seus medos, os seus inimigos e até a contrariar conselhos de amigos seus.

Neste aspecto o filme, mais adequado a adultos do que a crianças, é ideal para quem for de mente aberta e esteja disposto a se deixar maravilhar.


Sara de Albuquerque Simões

2009/2010

10º C – nº 21

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Crítica do Filme "Alice no País das Maravilhas"

Alice no País das Maravilhas, do realizador Tim Burton, leva-nos a um outro mundo, deslumbrante, cheio de fauna e flora, repleto das personagens mais doces, loucas e inesquecíveis, não esquecendo que o 3D enaltece ainda mais a beleza dos cenários e a espectacularidade da película. Nesta versão de Burton, Alice (Mia Wasikowska) encontra-se nos últimos anos da sua adolescência, estando por isso a passar por uma fase em que procura um rumo, uma identidade própria e segura e onde a dúvida predomina no seu quotidiano.

A visita que ela fez ao Reino das Maravilhas, enquanto criança não passava agora de simples “flashback”. Depois de perder o pai, Alice vê-se confrontada com a obrigação de arranjar um bom partido, um Lorde inglês, que não ama. Impulsionada pela mãe e restantes familiares a aceitar o pedido de casamento, sente-se perdida e decide fugir para o jardim onde a festa de noivado deveria decorrer.

É ali que volta a deparar-se com o pequeno coelho branco e, sem hesitar, decide persegui-lo até uma toca escura e profunda. Após a queda na toca do coelho, Alice vai regressar ao Reino das Maravilhas para, aos poucos, descobrir que este está muito diferente desde a última vez que o havia visitado. Agora, a Rainha Vermelha (Bonham Carter) aterrorizava o povo de forma impiedosa.

Regressada a um mundo do qual não se lembra, Alice encontra no Chapeleiro Louco (Johnny Depp) uma verdadeira, pura e confiante amizade que lhe dá coragem para enfrentar o ameaçador dragão da Rainha Vermelha a fim de derrotá-la, devolver a coroa à amável e bondosa Rainha Branca (Hathaway) e assim devolver a paz e a prosperidade a este autêntico mundo encantado.

Porém, apesar deste mundo fascinante a que Burton deu vida e, que nos cativou, a qualidade do argumento não nos satisfaz, perdendo força e interesse, pelas cenas demasiado previsíveis.

O seguimento que o realizador dá à história de Lewis Carroll é demasiado denso e dá-nos as respostas às questões, quando podia deixá-las a pairar no ar.

Sendo assim, atribuo três estrelas e meia ao filme.

Daniela Rosa

10ºC nº8


Um fim diferente para a história da Alice segundo…



…o Coelho



Alice, no momento em que a rainha ordenou decapitarem-lhe a cabeça, pegou num pedaço de cogumelo que lhe sobrara e… e… e atchimmm! Tudo voava pela sala e Alice saiu direitinha pela janela caindo em cima do canteiro de rosas, espalhando tinta vermelha por todo o lado. TIC-TAC-TIC-TAC (20 segundos), o tempo corre. Vamos lá, depressa!
Ao fugir, ela foi pedir ajuda ao gato mas este, com um grande sorriso, desapareceu. Quando decidiu pedir ajuda ao chapeleiro louco e à lebre, eles disseram-lhe que estavam muito ocupados a fazer chá e, quando foi à minha procura, eu não estava lá, porque estava atrasado. Porém, Alice não se apercebeu das pegadas que estava a deixar, correndo o risco de ser apanhada pela rainha. TIC-TAC-TIC-TAC (40 segundos).
Corri muito para a ajudar e, encaminhando-a para o buraco de onde tinha vindo, ensinei-a a voltar ao mundo dos adultos.
A rainha, ao encostar-se ao cogumelo da lagarta, para descansar, fumou um pouco do seu cachimbo, mas este continha erva do amor e, por isso, ela tornou-se uma mulher carinhosa e protectora. TIC-TAC-TIC-TAC (1 minuto).



…a Lebre


Alice bebeu chá e fugiu da rainha. A rainha bebeu chá e foi atrás da menina e o chá entornou-se e não tenho mais! Vou fazer mais!
Servi chá à Alice com um púcaro de açúcar, baralhei bem e enfiei-lhe na boca. Depois apareceram todos para cantar o feliz desaniversário e eu cantei, dancei e bebi chá. Amanhã virão todos para o cantar outra vez. O coelho sujou o colete e levou a Alice com ele, de volta para a cenoura onde vive. Havia muita diversão por aqui, uns fugiam para debaixo da mesa e outros cantavam karaoke em cima desta. A senhora despenteada que é maluca porque quer tudo vermelho bebeu muito chá e puff! Desapareceu. A menina Alice foi para o mundo louco dela e agora visita-nos sempre que cai nele outra e outra e outra vez. Vitória, vitória bebe chá e engole esta história!


Daniela Rosa/10ºC/nº8/28.04.2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Notícia


Sara Simões, Nº21, 10ºC

Por mim o fim era assim

O Regresso de Alice, segundo a crónica de sua irmã

Sara Simões, Nº21, 10ºC

Escrevo estas linhas para vos falar da grande alegria que foi o regresso da minha irmã Alice.
Sem conseguir esclarecer o que na realidade aconteceu, não posso deixar de vos dizer que foi com uma alegria enorme que reencontrámos a Alice, a dormir junto ao local de onde desaparecera.
Embora fisicamente saudável, estava cansada e psicologicamente confusa, verbalizando ideias um pouco absurdas. Com muito carinho, ouvimos a sua história cheia de personagens estranhas e bizarras: um Coelho Falante, uma Lebre, uma Lagarta, uma Tartaruga, Cartas de Jogar com vida, enfim… Mas houve uma coisa que me marcou. Segundo as suas palavras, durante o tempo que esteve desaparecida e conforme as situações, ela apresentava tamanhos diferentes; ou seja, umas vezes era enorme, gigante, outras era minúscula, como uma formiga…
Suponho que a minha querida irmã tenta encontrar a melhor maneira para crescer sem perder a infantilidade própria dos tenros anos que se recusa a deixar. Os especialistas, psicólogos e outros que se dediquem à análise desta história.
No que me diz respeito, acredito que a minha irmã vai envelhecer sem nunca deixar de ser criança, colocando imaginação e magia em tudo o que se passa à sua volta. Talvez seja mais feliz assim, quem sabe!

A paranóia do tempo

“Para onde vão os minutos?” Perguntou-me a menina Alice. “ Andam tão rapidamente como tu, coelho, quando andas nas correrias para o chá.”

Os minutos, esses correm, são certos e nunca se atrasam. São aqueles que nunca esperam por nós, por vezes massacram, por vezes acalmam, por vezes trazem saudade, por vezes prazer e até ignorância.
O tempo é aquele que não espera, é aquele que não mata mas por vezes mói, o tempo não corrige erros mas por vezes ajuda a emendar. Nem sempre o tempo nos acompanha, foge diante de sonhos, diante de momentos, diante de razões, palavras e acções.
É um espaço, vários períodos e extensões, combina com estações, com os anos, meses e dias. Ele abarca toda a gente e não se esquece de uma única pessoa, nem mesmo do mais insignificante ser e da mais repugnante pessoa.
O tempo é um guia, é mais que um contador. Sem o tempo, como seríamos sem o tempo?
Se o tempo esperasse por nós, se ele nos parasse quando precisamos, se remediasse todos os erros, se nos detivesse em cada momento, ou se até nós controlássemos o tempo, penso que andaríamos todos à deriva, sem um “norte” a seguir, e o tempo, esse, pouco significaria.
Por isso, em vez de pensarmos e sonharmos que um dia poderíamos controlar o tempo, devemos torná-lo nosso cúmplice, encará-lo como uma dádiva da vida, como uma bússola de sorte ou azar dependendo dos pontos de vista. Porque o tempo não é um inimigo é, pois, a perfeita imperfeição humana, que o torna desastroso.
Sejam perspicazes e reflictam perante o provérbio “O tempo pergunta ao tempo, quanto tempo o tempo tem, o tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo, quanto o tempo tem.”

Crónica de David Hilário, Nº9, 10ºC

Carta do Coelho a Alice

David Hilário, Nº9, 10ºC

Coelho
Vale dos lençóis encantados, nº347 , 411ª toca esq.
Ummaisum-dois País das maravilhas

Irrequieta Alice,
Tenho estado a olhar as paredes movediças da minha toca, que hora a hora muda e hora a hora o cuco toca, o cuco põe-me maluco, pois não se cala nem atirando muco, estou farto deste maldito relógio de parede que tic-tac não faz e o seu ruído até sede me dá, preciso de ajuda, Alice.
Numa das nossas correrias, eu saltava e tu, desnorteada, te rias, numa das nossas brincadeiras de esconde-esconde onde me camuflava e tu não sabias onde, numa das nossas aventuras, andava eu atrasado para o chá que arrefecia a cada minuto que me procuravas, perdi o meu precioso relógio, oferecido por um jovem rapaz que há milhões de séculos havia passado também por este encantado país das maravilhas, e que me acompanhava a cada compromisso.
Não sei que fazer, já procurei até dentro do chapéu de volume do Chapeleiro, sei que és menina pequena, mas sei também que conheces todos os recantos deste grande país, por isso, peço-te pelo ponteiros de rolexandri, minha incansável amiga, ajuda-me a encontrar o meu querido relógio atrasado, sem ele não consigo mais chegar a horas.
Aproveito ainda para te contar umas novidades. Enquanto escavava um buraco novo para criar uma loja de bules, encontrei uma toupeira pela qual me tenho vindo a interessar. Se me ajudares a encontrar o relógio, eu preparo um chá para pôr a conversa em dia.
Obrigado pela atenção minha despassarada amiga, e desculpa incomodar-te.

Uma pata-da-sorte do teu desvairado amigo coelho

Coelho Patas de Serpente
08-07-4119


P.s.: Acima de tudo sê magicamente feliz

sábado, 15 de maio de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

memória escrita


Chá das Cinco – Memórias de um Louco

Ontem bebi chá.
Chá. Eu gosto de chá. Sempre gostei de chá. Chá das cinco. Chá das cinco. Já disse que gostava de chá?
Hoje bebo chá.
Mudar de cadeira, mudar de cadeira. Hahaha.
Amanhã beberei chá.
Chá das cinco. Chá. Eu gosto de chá.

Joana Correia Monteiro, nº14, 10ºC

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Diário sobre a máscara



Reflexões Pessoais



15/11/09
“As pessoas estão sempre a falar acerca de liberdade. Liberdade para viver de uma certa forma, sem ser incomodado. É claro que quanto mais se vive de uma determinada forma, menos se parece com liberdade. Eu… eu posso mudar no decorrer de um dia. Eu acordo e sou uma pessoa, e quando vou dormir à noite de certeza que sou outra qualquer. Não sei quem sou na maior parte do tempo.”

Em I’m Not There, de Todd Haynes.
Tradução: Mariana Queiroga

18/11/2009
Quando eu era pequenina, tinha um amigo que, se lhe pedisse como deve ser, até brincava às bonecas comigo. Gostava imenso da sua companhia, e podíamos estar horas a brincar e a falar que eu nem reparava no tempo a passar. Infelizmente, os meus momentos de diversão com ele eram raríssimos (e talvez fosse essa a razão da minha enorme estima pelos mesmos), porque bastava os seus outros amigos chegarem e ele esquecia-se completamente de mim e já nem me falava.
Já não o vejo desde o segundo ano, e ainda hoje não sei se era para mim que ele vestia a máscara ou para os seus amigos. Talvez vestisse para ambos.


20/12/2009
A integração social é uma das necessidades básicas do Homem. Sentir-se aceite dentro de um certo grupo é algo que todos buscamos ao longo das nossas vidas, quer essa aceitação aconteça por sermos diferentes ou iguais. No fundo, não nos mascaramos para nós próprios, mascaramo-nos para os outros. A máscara passa a ser meramente um meio de obter aceitação.
Também deve levar-se em conta que, até uma certa altura da vida (geralmente até ao fim da adolescência, porém varia conforme as situações), poucas pessoas têm uma definição concreta daquilo que são, do seu eu legítimo. Podem ter conceitos vagos e soltos, mas sem nenhum elo conciso entre eles. Nestes casos, a máscara pode ser uma ferramenta que auxilia na auto descoberta. Ao vestir máscaras diferentes, experimenta-se “papéis” diferentes e realidades desconhecidas. As vezes, uma máscara desfaz-se lentamente debaixo da outra, até que uma das máscaras esteja integrada à personalidade original do indivíduo.

21/12/2009
O objectivo principal do Homem é alcançar a felicidade. Felicidade é um conceito relativo, pois pode ter significados diferentes de acordo com o ponto de vista de cada um. Para uns, felicidade pode significar sucesso profissional, prosperidade, poder, segurança financeira etc. Para outros, é estabilidade emocional, uma boa estrutura familiar, riqueza espiritual, ou um grande ciclo de amizades. Mas de forma geral, a felicidade é um estado de plenitude, a junção da satisfação em todas as áreas da vida, um conforto interior e com a sua situação actual.
Mas como pode uma pessoa que utiliza de artifícios como a máscara ser feliz? Como pode se sentir confortável consigo própria e com o ambiente que a rodeia se nem sequer está à vontade para ser ela própria? Aquele que se mascara nega a realidade até um certo ponto, e a felicidade é justamente uma aceitação da realidade e satisfação com a mesma (não digo que para ser-se feliz é preciso estar satisfeito com, digamos, os problemas de violência no mundo que são de facto uma realidade, mas é necessário estar satisfeito no que diz respeito à sua própria posição no mundo).
E a propósito, como pode alguém estar confortável com o meio em que vive sem ter a certeza de que as pessoas à sua volta, aquelas que ajudam a fazer dela uma pessoa feliz, são autênticas? Receio que nunca possamos ter essa certeza. Mesmo que afirmem que à nossa frente, não vestem máscaras, não temos forma de saber se as suas próprias palavras estão mascaradas.


Conclusão

A Máscara Hoje
Uma colagem de Máscaras

As pessoas mascaram-se; Cada uma possui a sua razão especial de esconder, negar ou acentuar. É difícil conhecer os motivos, tanto os nossos quanto os das outras pessoas. Mais difícil ainda é expor as nossas razões, não só por uma questão de vergonha, mas também porque grande parte dos sentimentos que pesam dentro de nós e nos levam a esconder o nosso “eu” mais íntimo perdem-se na transição do corpo para o papel.
Dentre toda essa complexidade, parecemos ter uma tendência, e até uma certa facilidade em identificar as máscaras alheias. Ou no mínimo, a crer de antemão que as pessoas se escondem atrás de boas maneiras e regras de adequação social. E talvez até seja a mais pura verdade, talvez todos nós utilizemos o mesmo artifício para nos integrarmos (ou em alguns casos, destacarmos) na multidão: a máscara. Mas se assim for, porque levamos tão pouco tempo a apontar a máscara dos outros sem antes mesmo pararmos para reflectir sobre a nossa?
Para variar, pensemos nas nossas próprias máscaras. Ao identificá-las, torna-se mais fácil perceber porque as colocamos em primeiro lugar, e ao mesmo tempo, a aproximação da “verdade” escondida por trás delas aterroriza-nos. Às vezes, até desconhecemos esse nosso lado oculto, ou já nos tenhamos esquecido dele, abandonando-o e recusando-o como uma parte de nós. Espreitamos por uma fenda qualquer, e nos deparamos… com o quê? O nosso eu.
E é em nós que vemos como somos realmente, é no eu que jaz a verdade absoluta sobre o nosso ser. Ao depararmo-nos com o eu, encolhido e reprimido debaixo da máscara, sentimos logo uma necessidade de rotulá-lo. É manhoso, é austero, é singelo, é feio, é estranho, é bonito, é agradável, é vibrante. É aquilo que lhe “encaixa” melhor e já está. Antes mesmo de retiramos a máscara, encobrimos o que somos com outros véus.
Todos os atributos que utilizamos na nossa caracterização são por si só pequenas máscaras. Estamos escondidos atrás de pequenos conceitos verbalizados, envolvidos neles de tal forma que passamos a acreditar que de facto somos aquilo. Obviamente que precisamos nomear cada coisa; A timidez, a mansidão, a delicadeza ou a vivacidade, ferocidade e dureza. Mas será que não somos muito mais do que qualquer um desses nomes? Não somos uma característica, somos aquilo que caracterizamos. As características “trabalham” a nosso favor (ou contra nós), não ao contrário. “Tímida” nunca pode ser “eu”, mas Eu posso ser tímida a qualquer hora do dia, ou pelo menos agir como tal.
Então a que conclusão chegamos? Nunca seremos capazes de encontrar a verdade sobre nós próprios? Não se sabe. Talvez tenhamos a verdade mesmo debaixo dos nossos narizes, e talvez a mesma esteja a anos Luz de distância. O que se sabe é que, na busca pela verdade, alcançamos apenas fragmentos da mesma, aproximações do real. O mais próximo que podemos chegar de nós próprios é, afinal, uma máscara.
Quem somos nós? Uma máscara. Ou talvez sejamos mais do que uma. Quem nos diz que não podemos ser mais do que uma máscara? E quem nos diz que temos de decidir ser uma máscara, e nos resignarmos a ela ao longo de todos os dias da nossa vida? Talvez essa máscara “permanente” seja aquela que nos afasta mais da verdade do que as outras máscaras que vestimos e despimos e somos ao longo do dia. A junção de todas essas máscaras menores pode não resultar numa “figura” uniforme, mas cobre cada aspecto do eu, e não o sufoca, mas deixa pequenas fendas entre uma máscara e outra.
Se olharmos de perto, é muito mais fácil ver e interpretar a expressão de uma única máscara, que nos acompanha diariamente até ao nosso último dia de vida. Mas quando vistas de uma certa distância, a junção de todas aquelas pequenas máscaras, cada uma com a sua cor, textura e expressão, pode acabar por formar um retrato muito mais acurado da nossa própria face.




Trabalho realizado por Mariana Queiroga

A Carta




Do País das Maravilhas Alice escreve uma carta aos pais…

 Queridos Pais.
 Vocês nem sabem o que me aconteceu, conheci um pequeno rato, e por muito estranho que vos pareça ele fala, ainda pensei que fosse francês, mas imaginem que é inglês como nós.
 É um animal muito interessante, mas acho que o magoei, pois vejam só, ele não gosta nem de cães nem de gatos, como é que alguém pode não gostar de gatos? Ah e por falar nisso, como está a minha querida Dinah? Tenho tantas saudades dela!
Só consegui perceber que ele não gosta de gatos quando me meti na pele dele. E enquanto não me tinha apercebido, fui sempre falando sobre a minha gata e sobre o cão do nosso vizinho lavrador.
 Mas ele com isto tudo mostrou ser um animal um pouco agressivo e assustadiço enquanto eu lhe falava daquilo que ele não gostava, mas ao mesmo tempo humilde e emotivo, pois apesar de eu o ter magoado ainda teve paciência para me explicar o motivo por não gostar destes animais.
 Isto está a ser uma experiência muito interessante, pois nunca sei o que me espera, mas mesmo assim estou a adorar, consigo aprender muitas coisas, como hoje com o rato.

Tenho muitas saudades vossas espero ver-vos em breve.
Muitos beijinhos da vossa filha Alice.





Patrícia Oliveira  Nº 19   10ºA

A Máscara nos Dias de Hoje, reflexões

http://www.bc.edu/bc_org/avp/cas/fnart/art/balla.html


"Também há máscaras que não cobrem o corpo todo, que não cobrem a cara, mas que cobrem outra parte parte do nosso corpo que temos menos orgulho ou medo de mostrar aos outros com quem convivemos na nossa sociedade. Seja essa parte do corpo íntima ou não, cabe-nos analisar se devemos ou não considerar intima ou não para a mostrarmos ou não mostrarmos,  com máscara ou sem ela."

Bruno

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Memória de um louco, de um chapeleiro louco

Chamam-me louco, é verdade. Em todas as histórias e peripécias da minha vida, chamaram-me louco. Nunca percebi o porquê desse nome, para caracterizar a minha pessoa. Mas este pensamento mudou, para mim e para toda a gente, que me chamava louco. Tudo isto aconteceu, devido a um dia invulgar num mundo invulgar, que despertou toda a comunidade do País das Maravilhas e que ficou recordado na minha memória, para o resto da minha vida.

Era um dia de vento. Deveras diferente de todos os outros dias de vento, era diferente porque o som era diferente. Nunca fui uma pessoa realmente sensível, para pensar neste género de coisas, mas, naquele dia, não deixei de reparar que o vento estava diferente, até eu próprio estava igualmente diferente. Deixei de dar tanta importância a este assunto e fui tomar o meu chá, como faço sempre todos os dias, exactamente pela mesma hora.

A mesa, grande e colorida, situava-se exactamente atrás da casa do Coelho, o meu fiel companheiro de chá. Quando cheguei à mesa, para meu grande espanto, não vi ninguém. Fiquei um pouco espantado, porque, habitualmente, o Coelho já lá estaria. Fui então bater à porta da casa dele, para, assim, começarmos com o nosso ritual, que sempre nos acompanhou e sempre nos acompanhará até ao final das nossas vidas.

Bati, bati… mas nada, e por isso, como por aqui as portas nunca estão fechadas à chave, lá entrei na casa do Coelho e reparo que a casa dele está horrivelmente suja e velha, com aquele ar de casa abandonada. Naquele momento, parei para reflectir um pouco e apercebi-me de que nunca antes tinha ido a casa do Coelho. Afinal, nunca tinha sido preciso, já que ele sempre chegava à mesa primeiro do que eu. Agora, não o encontrava. Eu nunca poderia começar a tomar chá sem ele, seria devastador para a minha pobre e frágil alma.

Fui logo à sua procura, em todos os sítios possíveis e imaginários. Comecei por vasculhar em todos os cantos da velha casa, em todos os prados esverdeados eu andei, em todas as tocas subterrâneas eu espreitei e nada vi. Fui então bater à porta das pessoas da aldeia Maravilha, a aldeia das pessoas que tinham a terrível mania de me chamarem louco, mas, naquele momento de desespero, não me preocupei muito com isso. Já estava exausto de tantos caminhos que tinha percorrido. Fisicamente e mentalmente, desde que acordei, fiquei com a sensação de que algo iria acontecer, mas nunca imaginei que tivesse de passar por esta tortura, a tortura e o sofrimento de vir a perder o meu fiel amigo Coelho, aquele que sempre viveu comigo e comigo tudo partilhou, até os meus pensamentos.

A primeira casa onde bati pareceu-me tão exageradamente colorida como todas as outras, à minha volta, o que sempre me repugnava. Quando a porta se abriu, não hesitei em perguntar logo pelo Coelho, que estava sempre a tomar chá comigo. A mulher ao ouvir aquilo começou-se a rir, essa sim, que nem uma autêntica louca. Quando, finalmente, a mulher parou de rir, embora continuando a olhar-me com ar alucinado, disse-me, em tom muito sério, algo que nunca tinha pensado ouvir antes:

- O teu amigo Coelho? Esse já morreu há 10 anos!!!

De imediato, caí de joelhos no chão e lá permaneci como que paralisado, como paralisada parecia estar a minha alma. Naquele momento de aterradora solidão, não conseguia falar, não conseguia mexer, não conseguia ouvir e estava cego de tristeza. Pelos vistos também não sentia o meu corpo, não sentia o meu coração, não sentia nada a não ser lágrimas a escorrer lentamente pela minha cara petrificada.

De repente, levantei-me e, perante mim, toda a aldeia, em que se entreolhavam e exibiam abundantes gestos, indicando a minha demência. Apesar disso, levantei-me, libertei-me, limpei as minhas lágrimas e gritei:

- VOCÊS! SUAS MISERÁVEIS CRIATURAS, TINHAM RAZÃO! ESTOU LOUCO, ESTOU COMPLETAMENTE LOUCO! MAS NÃO PORQUE VEJO PESSOAS MORTAS, OU PORQUE TODOS ESTES ANOS PENSEI TER UM AMIGO. ESTOU LOUCO DE SOLIDÃO, ESTOU LOUCO DE SOFRIMENTO, ESTOU LOUCO DE TER CONSTRUÍDO UMA AMIZADE EM VÃO! SIM, PORQUE EU TINHA A LOUCURA NA MINHA LIBERDADE, O CONFORTO NA MINHA ILUSÃO, O TESOURO NESSA AMIZADE E VOCÊS, CRIATURAS DESTE ESTRANHO MUNDO, DESTRUIRAM TUDO!!!

Parei de gritar e olhei à minha volta. Vi milhares de pessoas com o vazio estampado nas suas caras, em algumas delas até se avistavam pequenas lágrimas a escorrerem dos seus rostos, numa prova de espontânea solidariedade e pena para com a minha pessoa.

Depois disto não me recordo de muito mais, sentindo-me a desvanecer em direcção ao solo. Só mais tarde, senti o regresso da minha voz que surgiu lentamente, rouca e fraca, tanto que só as pessoas mais próximas me conseguiram ouvir, a dizer:

- Eu não sou louco e nunca o fui, eu apenas sonhei, e fiz disso o meu mundo …

Depois de dizer isso, tudo indica que de novo cerrei lentamente os olhos. E quando, passado algum tempo, não sabendo eu quanto, os abri de novo, vi que tinha começado a nevar.

Diana Rogagels, n.º 11, 10ºC


Carta








Crónica

A minha irmã Alice

Já tinha ouvido muitas histórias de desaparecimentos, mas nunca pensei viver uma.

Como é possível uma criança de seis anos, de boas famílias desaparecer assim sem aviso, justificação ou motivo? Uma criança cheia de sonhos e aventuras por viver tal como nos livros de fantasia próprios da infância? Teria sido para chamar a atenção dos pais? Ou simplesmente teria sido roubada por malfeitores sem coração, nem piedade?

Felizmente nem todas as histórias têm um final trágico, exemplo disso é a história da minha irmã Alice que apenas se perdeu num bosque e, por isso mesmo, a sua história teve um final tal como nos livros que costumávamos ler juntas à beira-rio.

Mas será possível que algumas daquelas pessoas tão más consigam estar a tornar a vida da nossa sociedade num constante perigo, não só para os adultos, mas também para as crianças, às quais é roubado o direito a viver aventuras, surpresas e novas descobertas?

Será que precisamos de mais Alices para alguém fazer algo pelo futuro das crianças do nosso país?

Ana Santos, nº1, 10ºC


Entrevista ao Gato


Take Me With You


(E - Entrevistador G - Gato)

E- Boa tarde! São 17:15 e você está a ver as tardes do Júlio. Hoje entrevistamos alguém, será o Gato, famosa personagem da história Alice No País Das Maravilhas. Um aplauso para o Gato! *Aplausos*
G - Obrigado, obrigado!
E - Boa tarde, senhor Gato. Em primeiro lugar, qual é o seu nome?
G - Pois... O meu nome é... Gato!
E - Gato? Gato é o seu nome?
G - Sim! Não se vê logo? Ou vai dizer-me que eu me pareço com um cão?!
E - Não, não... Desculpe, não era minha intenção ofendê-lo! Então diga-me... Donde vem?
G - Eu venho do País Das Maravilhas.
E - Então e a que se dedica?
G - COMO?
E - Hum, qual é o seu emprego?
G - Ah! Pois sabe... Eu neste momento estou desempregado... Mas já trabalhei em vários lugares.
E - E quais foram?
G - Trabalhei uns meses num restaurante, mas despediram-me, também já trabalhei num cabeleireiro e também já fui professor...
E - Oh! E era professor de quê?
G - Educação sorridente.
E - Ah... Desculpe, mas de que trata essa disciplina?
G - Não é óbvio? Como aprender a sorrir!
E - Oh... Mas supostamente todas as pessoas sabem sorrir...!
G - Isso não é verdade! Um sorriso a sério tem de demonstrar felicidade e emoção... E quanto mais medonho melhor... (sorri bastante)
E - Hum... Está bem! Então é por isso que o senhor Gato sorri tanto...!
G - Pois claro! E ainda não viu as crianças de hoje em dia... Parece que têm chumbo na boca! É preciso chegar aos limites para fazê-las rir...
E - Sim. Eu entendo isso, senhor Gato.
G - Olhe, desculpe a indelicadeza, mas já é para aí a terceira vez que o senhor me chama de "senhor Gato". É cego ou por acaso não vê que eu sou um felino e não um homem!?
E - Oh... Lamento imenso... Bom! Daremos fim a esta entrevista!
G - Não! Não! Espere! Ainda tenho algo a dizer.
E - Desculpe, mas temos mesmo que terminar... Damos assim...
G - Não! Eu só quero dizer...
E - Damos assim fim...
G - As Whiskas saquetas são do melhor!
E - Cale-se!!
G - O quê? O que me disse?
E - Boas tardes, senhoras e senhores, e...
G - Veja lá o respeito!
E - Mas o senhor Ga...
G - É só GATO!
E - Mas... *Fim de emissão*
Raquel Silveira, nº28, 10ºC




Entrevista




Cheshire Cat – o gato que ri


Eu: A primeira pergunta destina-se sobretudo à razão por detrás do seu sorriso. Porque sorri apesar de ser um gato?
CC: Ora, agora que perguntou, questiono eu. O que é um sorriso a seu ver? E um gato? E porque não, uma razão?
Eu: ... Então, questionemos de outra forma. O Chapeleiro Louco afirma que o Gato sorri. Porque o afirmará?
CC: Essa pergunta não se destina a mim. Logo, a minha resposta não se destina a si. Sou Gato, não Chapeleiro.
Eu: Muito bem, o que fazia uma menina de tão tenra idade no País das Maravilhas?
CC: A minha resposta depende da sua pergunta. A que "menina de tão tenra idade" se refere?
Eu: Peço desculpa, referia-me a Alice. Enfim, cabe-me a mim questioná-lo, não ao Gato. A mim.
CC: Ora, ora... Digamos que nunca tendo eu deixado o meu país nem nunca tendo tido uma conversa simpática com Alice, assim como estou a ter consigo, nunca vi oportunidade de lho perguntar. Para ser sincero (coisa que eu não aprecio ser), nunca foi assunto que me livrasse de tédio.
Eu: Que país é esse a que se refere (só para relembrar)?
CC: Todos o sabem. Talvez eu não o saiba. Ou mesmo ninguém tome conhecimento de tal. Logo, porquê questionar os indecisos?
Eu: Bem, digamos que todos nós somos loucos, não indecisos, e que acreditamos que o seu país é conhecido como o local onde as maravilhas acontecem...
CC: Que maravilhas? Maravilha em sermos loucos? Loucura não é fantástica. Fantasia é louca. Tudo existe. Tudo não existe. Nós somos, vivemos, acreditamos, na fantasia da vida. Nós, criadores da fantasia. Nós fantásticos. Nós sem fantasia não existimos. Fantasia connosco não respira.
Eu: Ah, muito bem. Daremos esta entrevista como terminada. Só mais uma breve pergunta, Gato. Qual caminho deverei eu seguir?
CC: Isso depende de para onde quer ir e onde quer chegar.
Eu: Apenas a algum lado sem maravilhas nem Gatos que sorriem. Para onde devo seguir, então?
CC: Oh, boa pergunta. Todos os caminhos vão dar a algum lado. Se eu aqui ficar, não mais sorrisos nem "maravilhas" vai encontrar.
Entrevista a Cheshire Cat, “o gato que ri”, em Palavras, Todos os Dias

Joana Monteiro, n.º14, 10ºC