sábado, 27 de fevereiro de 2010

Diário sobre a máscara



Reflexões Pessoais



15/11/09
“As pessoas estão sempre a falar acerca de liberdade. Liberdade para viver de uma certa forma, sem ser incomodado. É claro que quanto mais se vive de uma determinada forma, menos se parece com liberdade. Eu… eu posso mudar no decorrer de um dia. Eu acordo e sou uma pessoa, e quando vou dormir à noite de certeza que sou outra qualquer. Não sei quem sou na maior parte do tempo.”

Em I’m Not There, de Todd Haynes.
Tradução: Mariana Queiroga

18/11/2009
Quando eu era pequenina, tinha um amigo que, se lhe pedisse como deve ser, até brincava às bonecas comigo. Gostava imenso da sua companhia, e podíamos estar horas a brincar e a falar que eu nem reparava no tempo a passar. Infelizmente, os meus momentos de diversão com ele eram raríssimos (e talvez fosse essa a razão da minha enorme estima pelos mesmos), porque bastava os seus outros amigos chegarem e ele esquecia-se completamente de mim e já nem me falava.
Já não o vejo desde o segundo ano, e ainda hoje não sei se era para mim que ele vestia a máscara ou para os seus amigos. Talvez vestisse para ambos.


20/12/2009
A integração social é uma das necessidades básicas do Homem. Sentir-se aceite dentro de um certo grupo é algo que todos buscamos ao longo das nossas vidas, quer essa aceitação aconteça por sermos diferentes ou iguais. No fundo, não nos mascaramos para nós próprios, mascaramo-nos para os outros. A máscara passa a ser meramente um meio de obter aceitação.
Também deve levar-se em conta que, até uma certa altura da vida (geralmente até ao fim da adolescência, porém varia conforme as situações), poucas pessoas têm uma definição concreta daquilo que são, do seu eu legítimo. Podem ter conceitos vagos e soltos, mas sem nenhum elo conciso entre eles. Nestes casos, a máscara pode ser uma ferramenta que auxilia na auto descoberta. Ao vestir máscaras diferentes, experimenta-se “papéis” diferentes e realidades desconhecidas. As vezes, uma máscara desfaz-se lentamente debaixo da outra, até que uma das máscaras esteja integrada à personalidade original do indivíduo.

21/12/2009
O objectivo principal do Homem é alcançar a felicidade. Felicidade é um conceito relativo, pois pode ter significados diferentes de acordo com o ponto de vista de cada um. Para uns, felicidade pode significar sucesso profissional, prosperidade, poder, segurança financeira etc. Para outros, é estabilidade emocional, uma boa estrutura familiar, riqueza espiritual, ou um grande ciclo de amizades. Mas de forma geral, a felicidade é um estado de plenitude, a junção da satisfação em todas as áreas da vida, um conforto interior e com a sua situação actual.
Mas como pode uma pessoa que utiliza de artifícios como a máscara ser feliz? Como pode se sentir confortável consigo própria e com o ambiente que a rodeia se nem sequer está à vontade para ser ela própria? Aquele que se mascara nega a realidade até um certo ponto, e a felicidade é justamente uma aceitação da realidade e satisfação com a mesma (não digo que para ser-se feliz é preciso estar satisfeito com, digamos, os problemas de violência no mundo que são de facto uma realidade, mas é necessário estar satisfeito no que diz respeito à sua própria posição no mundo).
E a propósito, como pode alguém estar confortável com o meio em que vive sem ter a certeza de que as pessoas à sua volta, aquelas que ajudam a fazer dela uma pessoa feliz, são autênticas? Receio que nunca possamos ter essa certeza. Mesmo que afirmem que à nossa frente, não vestem máscaras, não temos forma de saber se as suas próprias palavras estão mascaradas.


Conclusão

A Máscara Hoje
Uma colagem de Máscaras

As pessoas mascaram-se; Cada uma possui a sua razão especial de esconder, negar ou acentuar. É difícil conhecer os motivos, tanto os nossos quanto os das outras pessoas. Mais difícil ainda é expor as nossas razões, não só por uma questão de vergonha, mas também porque grande parte dos sentimentos que pesam dentro de nós e nos levam a esconder o nosso “eu” mais íntimo perdem-se na transição do corpo para o papel.
Dentre toda essa complexidade, parecemos ter uma tendência, e até uma certa facilidade em identificar as máscaras alheias. Ou no mínimo, a crer de antemão que as pessoas se escondem atrás de boas maneiras e regras de adequação social. E talvez até seja a mais pura verdade, talvez todos nós utilizemos o mesmo artifício para nos integrarmos (ou em alguns casos, destacarmos) na multidão: a máscara. Mas se assim for, porque levamos tão pouco tempo a apontar a máscara dos outros sem antes mesmo pararmos para reflectir sobre a nossa?
Para variar, pensemos nas nossas próprias máscaras. Ao identificá-las, torna-se mais fácil perceber porque as colocamos em primeiro lugar, e ao mesmo tempo, a aproximação da “verdade” escondida por trás delas aterroriza-nos. Às vezes, até desconhecemos esse nosso lado oculto, ou já nos tenhamos esquecido dele, abandonando-o e recusando-o como uma parte de nós. Espreitamos por uma fenda qualquer, e nos deparamos… com o quê? O nosso eu.
E é em nós que vemos como somos realmente, é no eu que jaz a verdade absoluta sobre o nosso ser. Ao depararmo-nos com o eu, encolhido e reprimido debaixo da máscara, sentimos logo uma necessidade de rotulá-lo. É manhoso, é austero, é singelo, é feio, é estranho, é bonito, é agradável, é vibrante. É aquilo que lhe “encaixa” melhor e já está. Antes mesmo de retiramos a máscara, encobrimos o que somos com outros véus.
Todos os atributos que utilizamos na nossa caracterização são por si só pequenas máscaras. Estamos escondidos atrás de pequenos conceitos verbalizados, envolvidos neles de tal forma que passamos a acreditar que de facto somos aquilo. Obviamente que precisamos nomear cada coisa; A timidez, a mansidão, a delicadeza ou a vivacidade, ferocidade e dureza. Mas será que não somos muito mais do que qualquer um desses nomes? Não somos uma característica, somos aquilo que caracterizamos. As características “trabalham” a nosso favor (ou contra nós), não ao contrário. “Tímida” nunca pode ser “eu”, mas Eu posso ser tímida a qualquer hora do dia, ou pelo menos agir como tal.
Então a que conclusão chegamos? Nunca seremos capazes de encontrar a verdade sobre nós próprios? Não se sabe. Talvez tenhamos a verdade mesmo debaixo dos nossos narizes, e talvez a mesma esteja a anos Luz de distância. O que se sabe é que, na busca pela verdade, alcançamos apenas fragmentos da mesma, aproximações do real. O mais próximo que podemos chegar de nós próprios é, afinal, uma máscara.
Quem somos nós? Uma máscara. Ou talvez sejamos mais do que uma. Quem nos diz que não podemos ser mais do que uma máscara? E quem nos diz que temos de decidir ser uma máscara, e nos resignarmos a ela ao longo de todos os dias da nossa vida? Talvez essa máscara “permanente” seja aquela que nos afasta mais da verdade do que as outras máscaras que vestimos e despimos e somos ao longo do dia. A junção de todas essas máscaras menores pode não resultar numa “figura” uniforme, mas cobre cada aspecto do eu, e não o sufoca, mas deixa pequenas fendas entre uma máscara e outra.
Se olharmos de perto, é muito mais fácil ver e interpretar a expressão de uma única máscara, que nos acompanha diariamente até ao nosso último dia de vida. Mas quando vistas de uma certa distância, a junção de todas aquelas pequenas máscaras, cada uma com a sua cor, textura e expressão, pode acabar por formar um retrato muito mais acurado da nossa própria face.




Trabalho realizado por Mariana Queiroga

A Carta




Do País das Maravilhas Alice escreve uma carta aos pais…

 Queridos Pais.
 Vocês nem sabem o que me aconteceu, conheci um pequeno rato, e por muito estranho que vos pareça ele fala, ainda pensei que fosse francês, mas imaginem que é inglês como nós.
 É um animal muito interessante, mas acho que o magoei, pois vejam só, ele não gosta nem de cães nem de gatos, como é que alguém pode não gostar de gatos? Ah e por falar nisso, como está a minha querida Dinah? Tenho tantas saudades dela!
Só consegui perceber que ele não gosta de gatos quando me meti na pele dele. E enquanto não me tinha apercebido, fui sempre falando sobre a minha gata e sobre o cão do nosso vizinho lavrador.
 Mas ele com isto tudo mostrou ser um animal um pouco agressivo e assustadiço enquanto eu lhe falava daquilo que ele não gostava, mas ao mesmo tempo humilde e emotivo, pois apesar de eu o ter magoado ainda teve paciência para me explicar o motivo por não gostar destes animais.
 Isto está a ser uma experiência muito interessante, pois nunca sei o que me espera, mas mesmo assim estou a adorar, consigo aprender muitas coisas, como hoje com o rato.

Tenho muitas saudades vossas espero ver-vos em breve.
Muitos beijinhos da vossa filha Alice.





Patrícia Oliveira  Nº 19   10ºA

A Máscara nos Dias de Hoje, reflexões

http://www.bc.edu/bc_org/avp/cas/fnart/art/balla.html


"Também há máscaras que não cobrem o corpo todo, que não cobrem a cara, mas que cobrem outra parte parte do nosso corpo que temos menos orgulho ou medo de mostrar aos outros com quem convivemos na nossa sociedade. Seja essa parte do corpo íntima ou não, cabe-nos analisar se devemos ou não considerar intima ou não para a mostrarmos ou não mostrarmos,  com máscara ou sem ela."

Bruno

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Memória de um louco, de um chapeleiro louco

Chamam-me louco, é verdade. Em todas as histórias e peripécias da minha vida, chamaram-me louco. Nunca percebi o porquê desse nome, para caracterizar a minha pessoa. Mas este pensamento mudou, para mim e para toda a gente, que me chamava louco. Tudo isto aconteceu, devido a um dia invulgar num mundo invulgar, que despertou toda a comunidade do País das Maravilhas e que ficou recordado na minha memória, para o resto da minha vida.

Era um dia de vento. Deveras diferente de todos os outros dias de vento, era diferente porque o som era diferente. Nunca fui uma pessoa realmente sensível, para pensar neste género de coisas, mas, naquele dia, não deixei de reparar que o vento estava diferente, até eu próprio estava igualmente diferente. Deixei de dar tanta importância a este assunto e fui tomar o meu chá, como faço sempre todos os dias, exactamente pela mesma hora.

A mesa, grande e colorida, situava-se exactamente atrás da casa do Coelho, o meu fiel companheiro de chá. Quando cheguei à mesa, para meu grande espanto, não vi ninguém. Fiquei um pouco espantado, porque, habitualmente, o Coelho já lá estaria. Fui então bater à porta da casa dele, para, assim, começarmos com o nosso ritual, que sempre nos acompanhou e sempre nos acompanhará até ao final das nossas vidas.

Bati, bati… mas nada, e por isso, como por aqui as portas nunca estão fechadas à chave, lá entrei na casa do Coelho e reparo que a casa dele está horrivelmente suja e velha, com aquele ar de casa abandonada. Naquele momento, parei para reflectir um pouco e apercebi-me de que nunca antes tinha ido a casa do Coelho. Afinal, nunca tinha sido preciso, já que ele sempre chegava à mesa primeiro do que eu. Agora, não o encontrava. Eu nunca poderia começar a tomar chá sem ele, seria devastador para a minha pobre e frágil alma.

Fui logo à sua procura, em todos os sítios possíveis e imaginários. Comecei por vasculhar em todos os cantos da velha casa, em todos os prados esverdeados eu andei, em todas as tocas subterrâneas eu espreitei e nada vi. Fui então bater à porta das pessoas da aldeia Maravilha, a aldeia das pessoas que tinham a terrível mania de me chamarem louco, mas, naquele momento de desespero, não me preocupei muito com isso. Já estava exausto de tantos caminhos que tinha percorrido. Fisicamente e mentalmente, desde que acordei, fiquei com a sensação de que algo iria acontecer, mas nunca imaginei que tivesse de passar por esta tortura, a tortura e o sofrimento de vir a perder o meu fiel amigo Coelho, aquele que sempre viveu comigo e comigo tudo partilhou, até os meus pensamentos.

A primeira casa onde bati pareceu-me tão exageradamente colorida como todas as outras, à minha volta, o que sempre me repugnava. Quando a porta se abriu, não hesitei em perguntar logo pelo Coelho, que estava sempre a tomar chá comigo. A mulher ao ouvir aquilo começou-se a rir, essa sim, que nem uma autêntica louca. Quando, finalmente, a mulher parou de rir, embora continuando a olhar-me com ar alucinado, disse-me, em tom muito sério, algo que nunca tinha pensado ouvir antes:

- O teu amigo Coelho? Esse já morreu há 10 anos!!!

De imediato, caí de joelhos no chão e lá permaneci como que paralisado, como paralisada parecia estar a minha alma. Naquele momento de aterradora solidão, não conseguia falar, não conseguia mexer, não conseguia ouvir e estava cego de tristeza. Pelos vistos também não sentia o meu corpo, não sentia o meu coração, não sentia nada a não ser lágrimas a escorrer lentamente pela minha cara petrificada.

De repente, levantei-me e, perante mim, toda a aldeia, em que se entreolhavam e exibiam abundantes gestos, indicando a minha demência. Apesar disso, levantei-me, libertei-me, limpei as minhas lágrimas e gritei:

- VOCÊS! SUAS MISERÁVEIS CRIATURAS, TINHAM RAZÃO! ESTOU LOUCO, ESTOU COMPLETAMENTE LOUCO! MAS NÃO PORQUE VEJO PESSOAS MORTAS, OU PORQUE TODOS ESTES ANOS PENSEI TER UM AMIGO. ESTOU LOUCO DE SOLIDÃO, ESTOU LOUCO DE SOFRIMENTO, ESTOU LOUCO DE TER CONSTRUÍDO UMA AMIZADE EM VÃO! SIM, PORQUE EU TINHA A LOUCURA NA MINHA LIBERDADE, O CONFORTO NA MINHA ILUSÃO, O TESOURO NESSA AMIZADE E VOCÊS, CRIATURAS DESTE ESTRANHO MUNDO, DESTRUIRAM TUDO!!!

Parei de gritar e olhei à minha volta. Vi milhares de pessoas com o vazio estampado nas suas caras, em algumas delas até se avistavam pequenas lágrimas a escorrerem dos seus rostos, numa prova de espontânea solidariedade e pena para com a minha pessoa.

Depois disto não me recordo de muito mais, sentindo-me a desvanecer em direcção ao solo. Só mais tarde, senti o regresso da minha voz que surgiu lentamente, rouca e fraca, tanto que só as pessoas mais próximas me conseguiram ouvir, a dizer:

- Eu não sou louco e nunca o fui, eu apenas sonhei, e fiz disso o meu mundo …

Depois de dizer isso, tudo indica que de novo cerrei lentamente os olhos. E quando, passado algum tempo, não sabendo eu quanto, os abri de novo, vi que tinha começado a nevar.

Diana Rogagels, n.º 11, 10ºC


Carta








Crónica

A minha irmã Alice

Já tinha ouvido muitas histórias de desaparecimentos, mas nunca pensei viver uma.

Como é possível uma criança de seis anos, de boas famílias desaparecer assim sem aviso, justificação ou motivo? Uma criança cheia de sonhos e aventuras por viver tal como nos livros de fantasia próprios da infância? Teria sido para chamar a atenção dos pais? Ou simplesmente teria sido roubada por malfeitores sem coração, nem piedade?

Felizmente nem todas as histórias têm um final trágico, exemplo disso é a história da minha irmã Alice que apenas se perdeu num bosque e, por isso mesmo, a sua história teve um final tal como nos livros que costumávamos ler juntas à beira-rio.

Mas será possível que algumas daquelas pessoas tão más consigam estar a tornar a vida da nossa sociedade num constante perigo, não só para os adultos, mas também para as crianças, às quais é roubado o direito a viver aventuras, surpresas e novas descobertas?

Será que precisamos de mais Alices para alguém fazer algo pelo futuro das crianças do nosso país?

Ana Santos, nº1, 10ºC


Entrevista ao Gato


Take Me With You


(E - Entrevistador G - Gato)

E- Boa tarde! São 17:15 e você está a ver as tardes do Júlio. Hoje entrevistamos alguém, será o Gato, famosa personagem da história Alice No País Das Maravilhas. Um aplauso para o Gato! *Aplausos*
G - Obrigado, obrigado!
E - Boa tarde, senhor Gato. Em primeiro lugar, qual é o seu nome?
G - Pois... O meu nome é... Gato!
E - Gato? Gato é o seu nome?
G - Sim! Não se vê logo? Ou vai dizer-me que eu me pareço com um cão?!
E - Não, não... Desculpe, não era minha intenção ofendê-lo! Então diga-me... Donde vem?
G - Eu venho do País Das Maravilhas.
E - Então e a que se dedica?
G - COMO?
E - Hum, qual é o seu emprego?
G - Ah! Pois sabe... Eu neste momento estou desempregado... Mas já trabalhei em vários lugares.
E - E quais foram?
G - Trabalhei uns meses num restaurante, mas despediram-me, também já trabalhei num cabeleireiro e também já fui professor...
E - Oh! E era professor de quê?
G - Educação sorridente.
E - Ah... Desculpe, mas de que trata essa disciplina?
G - Não é óbvio? Como aprender a sorrir!
E - Oh... Mas supostamente todas as pessoas sabem sorrir...!
G - Isso não é verdade! Um sorriso a sério tem de demonstrar felicidade e emoção... E quanto mais medonho melhor... (sorri bastante)
E - Hum... Está bem! Então é por isso que o senhor Gato sorri tanto...!
G - Pois claro! E ainda não viu as crianças de hoje em dia... Parece que têm chumbo na boca! É preciso chegar aos limites para fazê-las rir...
E - Sim. Eu entendo isso, senhor Gato.
G - Olhe, desculpe a indelicadeza, mas já é para aí a terceira vez que o senhor me chama de "senhor Gato". É cego ou por acaso não vê que eu sou um felino e não um homem!?
E - Oh... Lamento imenso... Bom! Daremos fim a esta entrevista!
G - Não! Não! Espere! Ainda tenho algo a dizer.
E - Desculpe, mas temos mesmo que terminar... Damos assim...
G - Não! Eu só quero dizer...
E - Damos assim fim...
G - As Whiskas saquetas são do melhor!
E - Cale-se!!
G - O quê? O que me disse?
E - Boas tardes, senhoras e senhores, e...
G - Veja lá o respeito!
E - Mas o senhor Ga...
G - É só GATO!
E - Mas... *Fim de emissão*
Raquel Silveira, nº28, 10ºC




Entrevista




Cheshire Cat – o gato que ri


Eu: A primeira pergunta destina-se sobretudo à razão por detrás do seu sorriso. Porque sorri apesar de ser um gato?
CC: Ora, agora que perguntou, questiono eu. O que é um sorriso a seu ver? E um gato? E porque não, uma razão?
Eu: ... Então, questionemos de outra forma. O Chapeleiro Louco afirma que o Gato sorri. Porque o afirmará?
CC: Essa pergunta não se destina a mim. Logo, a minha resposta não se destina a si. Sou Gato, não Chapeleiro.
Eu: Muito bem, o que fazia uma menina de tão tenra idade no País das Maravilhas?
CC: A minha resposta depende da sua pergunta. A que "menina de tão tenra idade" se refere?
Eu: Peço desculpa, referia-me a Alice. Enfim, cabe-me a mim questioná-lo, não ao Gato. A mim.
CC: Ora, ora... Digamos que nunca tendo eu deixado o meu país nem nunca tendo tido uma conversa simpática com Alice, assim como estou a ter consigo, nunca vi oportunidade de lho perguntar. Para ser sincero (coisa que eu não aprecio ser), nunca foi assunto que me livrasse de tédio.
Eu: Que país é esse a que se refere (só para relembrar)?
CC: Todos o sabem. Talvez eu não o saiba. Ou mesmo ninguém tome conhecimento de tal. Logo, porquê questionar os indecisos?
Eu: Bem, digamos que todos nós somos loucos, não indecisos, e que acreditamos que o seu país é conhecido como o local onde as maravilhas acontecem...
CC: Que maravilhas? Maravilha em sermos loucos? Loucura não é fantástica. Fantasia é louca. Tudo existe. Tudo não existe. Nós somos, vivemos, acreditamos, na fantasia da vida. Nós, criadores da fantasia. Nós fantásticos. Nós sem fantasia não existimos. Fantasia connosco não respira.
Eu: Ah, muito bem. Daremos esta entrevista como terminada. Só mais uma breve pergunta, Gato. Qual caminho deverei eu seguir?
CC: Isso depende de para onde quer ir e onde quer chegar.
Eu: Apenas a algum lado sem maravilhas nem Gatos que sorriem. Para onde devo seguir, então?
CC: Oh, boa pergunta. Todos os caminhos vão dar a algum lado. Se eu aqui ficar, não mais sorrisos nem "maravilhas" vai encontrar.
Entrevista a Cheshire Cat, “o gato que ri”, em Palavras, Todos os Dias

Joana Monteiro, n.º14, 10ºC

Notícia

Jovem caiu em buraco

JOVEM

DESAPARECIDA

Alice, ontem, perto da beira-rio,

caiu num buraco na terra.

No dia 4 de Março, Alice, de dez anos, desapareceu misteriosamente à beira-rio. Ao que parece, a rapariga, curiosamente, seguiu o Coelho Branco, que estava atrasado.

Segundo a irmã da vítima, Alice estava a estudar a lição de História, quando tal coisa aconteceu. “Estava a dar-lhe a lição de História, e ela estava a brincar com a Dinah (a nossa gata).”, relatou a irmã, “E, de repente, ela levantou-se e foi caminhar com a Dinah. Depois vimos um Coelho Branco, a correr, a gritar: “Estou atrasado, estou atrasado!”, e foi aí que a deixei de ver, pois ela seguiu o Coelho.”

O CM tentou recolher mais opiniões, pelo que perguntou à Dinah, a gata que acompanhou a vítima, o que aconteceu a Alice. “Miau, miau, miau, mi… au, mi, miau, miauuuuu, miau.”, foi esta a resposta esclarecedora. O CM, com uma máquina tradutora de línguas, desvendou o mistério. Eis a tradução do depoimento de Dinah: “A minha dona caiu para um buraco chamado “País das Maravilhas” e ela vai voltar!”

O CM irá acompanhar o caso, e, ao que parece, a vítima voltará, talvez, ao local do incidente de ontem.


(CM: Significa Correio da Manhã.)

João Oliveira, nº 15, 10º C


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tema: Memória do rato, já velho, do dia em que este conheceu Alice.



Sara Castela Cipriano nº27 10ºA


Quando era jovem, os meus dias eram sempre diferentes uns dos outros, às vezes melhores e outras vezes piores, mas sempre diferentes. Normalmente, cada dia ensinava-me alguma coisa, coisas novas; sentimentos novos e experiências inesquecíveis, ou seja, experiências para toda a vida.
E na verdade houve um dia de que nunca me pude esquecer, era um dia comum e eu estava no meu país, no meu mundo, no País das Maravilhas, onde passava grande parte do meu tempo. Nesse dia eu estava a passear pelo grande átrio, quando de repente uma grande quantidade de água inundou a sala e eu fiquei quase afogado nela. Mas rapidamente comecei a nadar para conseguir vir ao de cima e assim foi. Quando ali cheguei, pensando que estava sozinho, comecei a nadar para a margem, até que ouvi uma doce e fina voz que “começara a meter-se” comigo. A principio não liguei e continuei o meu caminho, até que aquela voz de uma menina, referiu a palavra “gato”. Nesse momento não hesitei e comecei a fugir da pequena. Esta rapidamente me acalmou, pedindo-me assim desculpa, mas de novo surgiu aquela palavra. A menina em cada frase que dizia referia o nome “gato”. Aborreci-me e afastei-me de vez da menina, mas ela, arrependida, tornou a pedir desculpa e pediu-me ajuda para chegar à margem. Não pude ficar indiferente a este pedido, então voltei para trás e ajudei-a. Chegámos à margem todos molhados, nós e mais uns quantos animais que naquele “mar” tinham mergulhado. Então a questão surgiu na cabeça de todos, como nos iríamos secar? Nesse momento surgiram várias opções, até que decidimos fazer uma maratona eleitoral, no fim desta todos estávamos secos e como prémio do jogo, Alice, a menina de que falava, teve de dar um presente a todos os participantes. Depois disto a menina pediu para lhe contar a razão por que eu não gostava de gatos e depois de algum tempo de reflexão, lá comecei a contar. Mas Alice não tomara atenção ao que lhe contava, então parei e de novo a menina pediu perdão e ainda pediu para eu continuar a história. Desta vez tinha sido “a gota de água”, fui-me embora, Alice ainda implorou que ficasse, mas eu não queria, nem podia. Prossegui o meu caminho, chateado e indignado.
Passaram-se muitos anos e nos dias de hoje olho para trás e compreendo o desassossego e a distracção daquela menina, afinal era uma simples jovem em fase de crescimento, não sabia nada da vida, nem o que dizia, nem o que fazia. Mas ela foi a razão pelo qual o meu dia foi diferente e inesquecível, quando torno a pensar na primeira vez que a vi e que falei com ela penso que tudo poderia ter sido diferente, mas reflectindo bem, se tivesse sido diferente hoje talvez não fosse um dia a recordar.
Foram bons dias e neste momento o meu coração bate mais forte apenas de saudades daquela menina. Espero que hoje ela esteja bem e que recorde, como eu, aquele dia muito agitado.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Visita de estudo à Casa das Histórias, em Cascais:



 Objectivos da disciplina de Português:
- Relacionar o imaginário de Alice no País das Maravilhas com o universo das pinturas de Paula Rego
- Identificar a capacidade narrativa desta pintora
Actividade:
- Registar (em desenho ou por escrito) uma situação de uma pintura (pode ser todo um quadro ou um pormenor, uma ou mais personagens e sua caracterização, o espaço, a “acção”) , tomar nota do máximo de informação para, no terceiro período, usar num texto narrativo.