Janus
Desde que ousei aprender o teu nome
a máscara que te pus caiu em estilhaços
quem não conheço nem me é alguém
conhecer é nomear
é chamar-te pelo nome
é começar a desvendar teu próprio rosto
feito de silêncios e tensões
e mágoas
e escutas
e sorrisos
nomeá-lo é criar o nós que somos
sem o qual o eu nem sequer existe
aprender o teu nome é aprender um pouco mais de mim
trágicos são os fazedores de máscaras
que usam de sedução
para esconder o seu próprio rosto
e o vendem feito judas
aos que o seu não ousam revelar
Margarida Morgado, Évora, 14 de Outubro de 2009
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