domingo, 25 de outubro de 2009

Janus ou a máscara: poema de Margarida Morgado

 Publicado com a sua autorização.


Janus

Desde que ousei aprender o teu nome
a máscara que te pus caiu em estilhaços

quem não conheço nem me é alguém

conhecer é nomear
é chamar-te pelo nome
é começar a desvendar teu próprio rosto
feito de silêncios e tensões
                            e mágoas
                                e escutas
                                    e sorrisos

nomeá-lo é criar o nós que somos
sem o qual o eu nem sequer existe
aprender o teu nome é aprender um pouco mais de mim

trágicos são os fazedores de máscaras
que usam de sedução
para esconder o seu próprio rosto
e o vendem feito judas
aos que o seu não ousam revelar

Margarida Morgado,  Évora, 14 de Outubro de 2009

Fazer clique sobre a imagem, para ver melhor:

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O EU E A MÁSCARA

"[...] Será que me modifiquei durante a noite? [...] Tenho a impressão de que me lembro de sentir-me um pouco diferente. Mas se não sou a mesma, quem sou eu afinal? Ah, esse é o grande quebra-cabeças! [...]"
in
Alice no País das Maravilhas

O uso da máscara é recuado como a história da humanidade. Já na mitologia a encontramos. É o caso do Deus Janus, que usa uma máscara na parte anterior e outra na parte posterior do rosto.
É daí que vem o nome do mês de Janeiro, Janus, o deus da Porta de entrada, um rosto olha o passado, outro olha o futuro.
O presente é sem máscara.



Também no teatro grego a "persona" representava o estado anímico da personagem representada.



A história da máscara é longa e rica.
Vamos abreviar.
Hoje, a máscara é ainda usada no carnaval e noutras ocasiões festivas, como em certos bailes. Continua a ser usada no teatro e nalguns espectáculos, como a dança.
Mas há outro tipo de máscara, aquela que se cola ao corpo e que de tão colada, por vezes, se confunde com a pele. Pode ter várias camadas. Retirada uma máscara, outra se descobre e assim sucessivamente como as peles da cebola. Quanto mais medo, mais máscara.
A máscara é uma espécie de escudo com que os seres humanos se apresentam perante aquilo que por vezes lhes parece uma ameaça: a vida; e um perigo: os outros. Mas tudo se torna ainda mais grave quando nem de si para consigo deixam de usar a máscara.
É nesse momento que o ser se encontra totalmente perdido, porque nem a si se reconhece.
Quando há a coragem de retirar (ou, pelo menos, identificar) as várias máscaras que nos pesam sobre a pele, o que está por baixo por vezes é doloroso, mas esconde a luz. É preciso coragem para atravessar essa dor, porque a luz do verdadeiro ser está lá ansiando por ser reconhecida e ver-se a si própria, e ver ela própria... a luz do dia.
A luz aspira pela luz.
Por isso vos pedi para escreverem, na primeira aula, sobre "O eu e a máscara". Apenas um primeiro passo. Revelou-se nalguns casos tímido, noutros mais ousado, noutros ainda muito... mascarado. Cada um na medida das suas forças e do seu olhar. Tudo tem um tempo. Mas é preciso começar.

Esta é uma introdução a um trabalho de investigação individual que gostaria que fizesses, sobre um dos seguintes temas:

A- A máscara ao longo dos tempos
B- A máscara hoje
C- A Máscara em Alice no País das Maravilhas

Escolhes apenas um dos tópicos, o trabalho deve ser iniciado hoje, todos os passos, meditações descobertas, ideias, registos, etc, são anotados num bloco que deve andar sempre contigo e ser trazido para a aula (posso pedi-lo em qualquer altura), não aceito copy-paste da internet, mas são admitidas citações devidamente identificadas, reflexões tuas (muitas) e conclusões.
Pode ser ilustrado com desenho ou fotografia (teus).
A avaliação incide não apenas sobre o produto, mas também sobre o processo.
Tendo em conta que se trata da disciplina de Português, o aspecto mais valorizado será, sem dúvida, o texto (o TEU texto: pessoal, criativo, crítico, reflexivo, original) e o equilíbrio entre os vários elementos.
O texto pode assumir várias formas: informativo, narrativo, dramático (no sentido de teatral ou em diálogo) descritivo e poético/lírico.
O título é o tópico acima por ti escolhido, mas deves dar-lhe um subtítulo teu.
No final, toda a bibliografia, sites e outras fontes consultadas devem constar.
A data de apresentação é o início do 2º período. Não haverá adiamentos.
Darei em breve informações adicionais sobre estes trabalhos, mas podes e deves começar já.

Propostas de trabalho para as próximas aulas:



Articulando:
1. A história de Alice...
2. A unidade didáctica sobre a Comunicação Social

proponho aos meus alunos:

A criação dos seguntes textos dentro dos géneros jornalísticos:

A- Após o desaparecimento de Alice, o caso é sabido no jornal local, que publica a notícia que tu vais elaborar. (Recorda, com a ajuda do manual, as regras para a elaboração de uma notícia. Faz uma pesquisa sobre notícias em vários jornais, escolhe as mais isentas e bem elaboradas, de acordo com as regras jornalísticas).

B- Após o reaparecimento de Alice, um grande semanário nacional envia um jornalista para a entrevistar. Esse/essa jornalista és tu. (Lê as entrevistas do manual, a informação sobre o que se entende por entrevista e procura bons modelos em jornais de qualidade. Procura também alguns exemplos que não te pareçam dignos de confiança e compara.)

C- Ainda durante o período de desaparecimento, um jornalista é enviado para fazer uma reportagem. Inexplicavelmente, consegue dar com a toca do coelho e a reportagem assume aspectos que ele/a nem sonhara. O repórter és tu. Vais basear-te na história, mas dando-lhe o cunho jornalístico de reportagem. (O que é uma reportagem? Como se faz uma reportagem? Faz uma pesquisa sobre os vários modelos, lê e estuda os exemplos do manual e o que lá se diz sobre este género).

D- Um(a) escritor(a) redige uma crónica sobre este assunto. (O que é uma crónica? Lê as crónicas do manual, procura outros exemplos no livro Alice no País das Maravilhas e elabora a tua crónica a partir de um excerto do livro.

E- Um crítico musical escreve uma crítica sobre a canção da Falsa Tartaruga. Informa-te sobre crítica musical no manual e fazendo uma pesquisa em jornais e revistas. Adapta o que aprendeste ao excerto do livro em que a Falsa Tartaruga canta uma canção. Imagina que estiveste lá como espectador e crítico de música.


EStes trabalhos serão elaborados a pares, preparados nos dias que se seguem (estudo, recolha, leituras), concluídos na aula do dia 2 de Novembro e apresentados à turma na aula seguinte dessa mesma semana.
O trabalho deve incluir não apenas o produto final, mas deverá ter, como anexos, todos os materiais prévios que usaram, assim como uma descrição das etapas por que passaram até à elaboração final.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O tempo?




O Coelho de Dacosta

"Mas, no preciso momento em que o Coelho tirou um relógio do bolso do colete, olhou para ele e começou a correr mais depressa."
CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Porquê este blogue?

Para apoiar e divulgar os trabalhos a desenvolver no âmbito do Projecto Alice no País das Maravilhas.
É um projecto para ir crescendo convosco ao longo do ano. Com o vosso empenho, entusiasmo e originalidade. E o apoio dos professores. Porque queremos que cresçam com Alice, que cresçam em sentido crítico, em capacidade de análise e de síntese, em criatividade, em sentido de humor, em rigor. Em espírito de cooperação e ajuda. Em aumento da vossa auto-estima, sentimento de solidariedade e desejo de aprender sempre mais. Na capacidade de aprenderem a observar-se a vós mesmos e a serem pacientes para convosco e com os outros, mas sem negligência. Que cresçam também na capacidade de aceitação das vossas diferenças e no estímulo das vossas qualidades.
"De que tamanho queres ser?", pergunta a Lagarta a Alice, perguntamos-te nós. Por fora podes continuar a medir 1.60m ou 1.70m ou mesmo 1.80m, mas por dentro podes crescer até à Lua, até às Estrelas, até ao Sol, até ao infinito.
Alice nos País das Maravilhas, que não é, ao contrário do que se tem pensado, um livro infantil, lança-te (lança-nos) imensos desafios. Um deles é sobre se queres ficar rente ao chão como uma lagarta, ou erguer-te no ar como um pássaro. Podes escolher uma coisa e outra, não há limites para o que quiseres ser. Nem o céu te limita. Apenas tu poderás limitar-te a ti próprio/a. De que tamanho queres ser?
E afinal: Quem és tu?
"Mas se não sou a mesma, quem sou eu afinal? Ah, esse grande quebra-cabeças!"
É para esta maravilhosa aventura na literatura e no conhecimento que te convidamos.
Para entrares, apenas tens de comer um bocadinho do bolo. É simples!
Risoleta

"De que tamanho queres ser?"

"- De que tamanho queres ser?
- Oh, não tenho preferência - apressou-se a responder Alice. - O que gostava era de não mudar de tamanho tantas vezes, sabe?"
in Alice no País das Maravilhas , de Lewis Carroll